giovedì 15 aprile 2010

REQUIEM POR UM CÃO (Requiem per un cane)

REQUIEM POR UM CÃO
(Ruy Belo, Transporte no tempo, 1973)

Cão que matinalmente farejavas a calçada
As ervas os calhaus os seixos e os paralelipípedos
Os restos de comida os restos de manhã
A chuva antes caída e convertida numa como que auréola da terra
Cão que isso farejavas cão que nada disso já farejas 

Foi um segundo súbito e ficaste ensanduichado 


Esborrachado comprimido e reduzido
Debaixo do rodado imperturbável do pesado camião
Que tinhas que não tens diz-mo ou ladra-mo
Ou utiliza então qualquer moderno meio de comunicação
Diz-me lá cão que faísca fugiu do teu olhar
Que falta nesse corpo afinal o mesmo corpo 

Só que embalado ou liofilizado?
Eras vivo e morreste nada mais teus donos
Se é que os tinhas sempre que de ti falavam 

Falavam no presente falam no passado agora 

Mudou alguma coisa de um momento para o outro
Coisa sem importância de maior para quem passa
Indiferente até ao halo da manhã de pensamento posto 

Em coisas práticas em coisas próximas
Cão que morreste tão caninamente
Cão que morreste e me fazes pensar parar até 


Que o polícia me diz que siga em frente 

Que se passou então?

Um simples cão que era e já não é


REQUIEM PER UN CANE

Cane che mattiniero fiutavi il marciapiede
L’erba le pietre la ghiaia e i parallelepipedi
I resti di cibo il resto della mattina
La pioggia prima caduta e divenuta come aureola della terra
Cane quello che fiutavi cane che ora più non fiuti
È stato un attimo e d’improvviso sei stato spiaccicato
Schiacciato pressato e calcato
Sotto la ruota imperturbabile del pesante camion
Cosa avevi che non hai dimmelo o abbaiamelo
Oppure usa qualche moderno mezzo di comunicazione
Dimmi cane quale favilla è fuggita al tuo sguardo
Che manca su questo corpo lo stesso corpo infine
Solo che imballato e liofilizzato?
Eri vivo e sei morto mai più i tuoi padroni
Se ce li avevi quando parlavano di te
Parlavano al presente parlano al passato ora
Qualcosa è cambiato da un momento all’altro
Una cosa senza grande importanza per chi passa
Indifferente anche all’aria mattutina a pensare
A cose pratiche a cose prossime
Cane che sei morto così caninamente
Cane che sei morto e mi fai fermare a pensare fino
A quando il poliziotto mi dice di andare avanti
Cos’è mai successo?

Un semplice cane che era e già non è


2 commenti:

NêZ ha detto...

Tristeza
-----------------
Requiem for a dog

Anonimo ha detto...

Linddo!